terça-feira, 4 de novembro de 2008

O que é o amor?


Em 2002 quando eu fazia parte do grupo de Magista, do mestre Francisco Marengo eu recebi uma mensagem sobre o que é o amor? e o que está verdadeiramente por trás desta pergunta...

Sem dúvidas, pra mim, é uma das melhores explicações sobre o Amor, que pode ser inexplicável muitas vezes... e que basta sentí-lo para saber que não conseguimos definir direito. Porém reescrevo aqui O que é o amor?


Deixamos de amar e respeitar ao próximo quando não o percebemos mais. Isso ocorre quando não temos mais a noção da estrutura espacial entre a nossa vida e a vida do outro, eliminando de nossa alma toda a essência da Torá, que é "amar ao próximo como a ti mesmo".

Não houve um justo que tenha falado mais em amor do que Salomão: ele descreve no livro Cânticos dos Cânticos (cap 2:2) " Es um lírio entre o espinhos". Ao lermos esse livro, não sabemos ao certo se Salomão está se referindo à sua mulher, à D-us ou à Tradição. Na verdade podemos interpretar o texto por todas essas óticas: o amor sublime de um homem por sua mulher, pelo Criador e pela Tradição. Qual o fundamento desta afirmação? Por que todos são um só e tudo o que existe deve fluir a partir de um único ponto: o amor.

E como fazer o amor espiritual acontecer em nossas vidas? Nenhum amor, seja por outra pessoa, por D-us ou pela Tradição, será verdadeiramente eficaz se não formos capazes de expressar o nosso amor pelo próximo de modo mais amplo e sem restrições. Esse é o segredo do amor. O amor não é algo que usamos como um uniforme, que vestimos no momento em que estamos executando esta ou aquela tarefa. Isso não é o amor e sim a sua deturpação. Amor é um estado de espírito e não uma roupa. Se não estivermos dentro desse estado de espírito, esse estado que nos permite sermos invadidos pelo amor, então, o amor não é possível em nenhuma das dimensões, nem por D-us, pela Tradição e muito menos pelo próximo.

Por muito tempo chegamos a pensar que o oposto do amor seria o ódio. Na compreensão da Cabala o oposto ao amor é o medo. Essas duas coisas jamais podem coabitar. Se estamos no estado de espírito de medo,não temos como estar no estado de espírito de amor. Em grande parte a humanidade vive neste estado de medo e, graças a isso, tanto invadimos o espaço do outro como buscamos nos fechar em "fortalezas intransponíveis", impedindo de sermos tocados. Temos medo de ser abandonados, rejeitados, traídos, etc. No estado de medo somos abandonados, e no de amor nós desaparecemos.

De modo geral as pessoas pensam no amor em duas posições: aquele que domina e quele que é dominado. Dominar não combina com amar, porque amar, entre outras coisas, é fundir-se à eternidade, ao infinito. É não ter uma fronteira que limite a condição de amar e de expressar amor. Estamos sempre desejando que a expressão do amor corresponda aos nossos desejos, ansiedades e expectativas, e isso nos faz perder a magnífica beleza infinita do amor, que é se expressar por intermédio da nossa espontaneidade. Estamos constantemente armados, cheios de espinhos, sempre na defensiva, a todo momento esperando que o outro, de alguma forma, nos rejeite... isso não é amor. Amor é como o lírio entre os espinhos, dizia Salomão.

É difícil nos colocarmos frágeis porque nos foi ensinado que devemos ser fortes e inflexíveis, devemos ter a palavra certa na hora certa, uma resposta sempre pronta na ponta da lingua; é preciso cobrar e dar o troco no momento correto. Tudo isto (e muito mais) é colocado como demonstração de força, da necessidade de mantermos o nosso espaço, a nossa integridade e o nosso orgulho.

Chegará o momento, contudo, que este orgulho terá sido mantido com tal bravura que nós seremos a pessoa mais orgulhosa do cemitério e em nossa lápide estará escrito: "E ele afiou os seus espinhos e foi, petrificou-se". Isso é a morte, toda forma de radicalismo e de inflexibilidade é a antivida, antifertilidade, é a dureza do coração. Como descrito na Torá sobre o faraó: "Eis que o coração do faraó está endurecido". Não há sensibilidade nesta condição. Não há espaço para o amor.

É necessário compreendermos a fortaleza da fragilidade. Por que Salomão fala em lirios? Porque eles são fragilmente destruídos, oscilam no vento e estão sempre expostos. No entranto, suas pétalas exalam a sua essência o temmpo todo, sem correspondências ou expectativas; apenas exalam e não cobram nada por isso. Se são notadas e admiradas, tudo bem. Se ninguém as percebe, tudo bem também. O amor é uma condição da alma e não do ego. Todo medo, toda ansiedade, toda expectativa tem origem no ego, sede da contra inteligência.

Portanto devemos ser como o lírio entre os espinhos. Faz parte da vida correr riscos, ser ameaçado, acreditar que algo poder ser retirado de nós... São muitos os espinhos com que nos deparamos no dia-a-dia. No entanto, devemos seguir livres pelo deserto com as mãos limpas eo coração leve, orientados por forças luminosas que estão além de nossos sentidos. Falamos muito, argumentamos o tempo todo... É preciso mergulhar no silêncio e, vez ou outra, parar para ouvir também. D-us falo conosco constantemente através das mais diversas formas. Quantos O ouvem?

Amar é retirar o ego de uma relação - de qualquer relação. Na verdade, relacionamento e amor também não combinam muito, pois quando se fala em relacionamento se fala de um compromisso a dois, onde temos dois egos repletos de expectativas e formas, despertando uma disputa, uma competição, quer percebamos isso ou não. Um dos dois terá que perder e abrir mão de sua forma de amar. Se um não cede ao outro, surge imediatamente a possibilidade de separação.

Relacionamento é o substantivo; relacionar-se é o verbo. O amor não pode ser o sustantivo, mas verbo eternamente. Não se expressar amor através da palavra amor, mas através da palavra amar; não é a dança, mas o dançar; não é existir, é viver...


(A palavra Deus, esta escrita D-us por motivos particulares do autor q me enviou a msg.)

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