sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Se chovesse você...


Se você fosse lua
dormiria contigo na praia
entraria contigo no mar...
choraria teu minguante
seguiria teu crescente
habitaria teu luar!
Se você fosse sol
eu seria girassol
tua luz seria o meu farol
amaria teu calor...
com teu fogo abrasador
e queimaria por amor!
Se você fosse vento
queria você a todo o momento
pra enrolar meu cabelo
e levantar a minha blusa
arrancar meus suspiros...
ser o ar que eu respiro!
Se você fosse chuva
eu me deixava molhar de prazer
dançava na rua pra ver
minha roupa bem molhada
minha alma encharcada
se chovesse você...

(by Eliana Printes)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O que é o amor?


Em 2002 quando eu fazia parte do grupo de Magista, do mestre Francisco Marengo eu recebi uma mensagem sobre o que é o amor? e o que está verdadeiramente por trás desta pergunta...

Sem dúvidas, pra mim, é uma das melhores explicações sobre o Amor, que pode ser inexplicável muitas vezes... e que basta sentí-lo para saber que não conseguimos definir direito. Porém reescrevo aqui O que é o amor?


Deixamos de amar e respeitar ao próximo quando não o percebemos mais. Isso ocorre quando não temos mais a noção da estrutura espacial entre a nossa vida e a vida do outro, eliminando de nossa alma toda a essência da Torá, que é "amar ao próximo como a ti mesmo".

Não houve um justo que tenha falado mais em amor do que Salomão: ele descreve no livro Cânticos dos Cânticos (cap 2:2) " Es um lírio entre o espinhos". Ao lermos esse livro, não sabemos ao certo se Salomão está se referindo à sua mulher, à D-us ou à Tradição. Na verdade podemos interpretar o texto por todas essas óticas: o amor sublime de um homem por sua mulher, pelo Criador e pela Tradição. Qual o fundamento desta afirmação? Por que todos são um só e tudo o que existe deve fluir a partir de um único ponto: o amor.

E como fazer o amor espiritual acontecer em nossas vidas? Nenhum amor, seja por outra pessoa, por D-us ou pela Tradição, será verdadeiramente eficaz se não formos capazes de expressar o nosso amor pelo próximo de modo mais amplo e sem restrições. Esse é o segredo do amor. O amor não é algo que usamos como um uniforme, que vestimos no momento em que estamos executando esta ou aquela tarefa. Isso não é o amor e sim a sua deturpação. Amor é um estado de espírito e não uma roupa. Se não estivermos dentro desse estado de espírito, esse estado que nos permite sermos invadidos pelo amor, então, o amor não é possível em nenhuma das dimensões, nem por D-us, pela Tradição e muito menos pelo próximo.

Por muito tempo chegamos a pensar que o oposto do amor seria o ódio. Na compreensão da Cabala o oposto ao amor é o medo. Essas duas coisas jamais podem coabitar. Se estamos no estado de espírito de medo,não temos como estar no estado de espírito de amor. Em grande parte a humanidade vive neste estado de medo e, graças a isso, tanto invadimos o espaço do outro como buscamos nos fechar em "fortalezas intransponíveis", impedindo de sermos tocados. Temos medo de ser abandonados, rejeitados, traídos, etc. No estado de medo somos abandonados, e no de amor nós desaparecemos.

De modo geral as pessoas pensam no amor em duas posições: aquele que domina e quele que é dominado. Dominar não combina com amar, porque amar, entre outras coisas, é fundir-se à eternidade, ao infinito. É não ter uma fronteira que limite a condição de amar e de expressar amor. Estamos sempre desejando que a expressão do amor corresponda aos nossos desejos, ansiedades e expectativas, e isso nos faz perder a magnífica beleza infinita do amor, que é se expressar por intermédio da nossa espontaneidade. Estamos constantemente armados, cheios de espinhos, sempre na defensiva, a todo momento esperando que o outro, de alguma forma, nos rejeite... isso não é amor. Amor é como o lírio entre os espinhos, dizia Salomão.

É difícil nos colocarmos frágeis porque nos foi ensinado que devemos ser fortes e inflexíveis, devemos ter a palavra certa na hora certa, uma resposta sempre pronta na ponta da lingua; é preciso cobrar e dar o troco no momento correto. Tudo isto (e muito mais) é colocado como demonstração de força, da necessidade de mantermos o nosso espaço, a nossa integridade e o nosso orgulho.

Chegará o momento, contudo, que este orgulho terá sido mantido com tal bravura que nós seremos a pessoa mais orgulhosa do cemitério e em nossa lápide estará escrito: "E ele afiou os seus espinhos e foi, petrificou-se". Isso é a morte, toda forma de radicalismo e de inflexibilidade é a antivida, antifertilidade, é a dureza do coração. Como descrito na Torá sobre o faraó: "Eis que o coração do faraó está endurecido". Não há sensibilidade nesta condição. Não há espaço para o amor.

É necessário compreendermos a fortaleza da fragilidade. Por que Salomão fala em lirios? Porque eles são fragilmente destruídos, oscilam no vento e estão sempre expostos. No entranto, suas pétalas exalam a sua essência o temmpo todo, sem correspondências ou expectativas; apenas exalam e não cobram nada por isso. Se são notadas e admiradas, tudo bem. Se ninguém as percebe, tudo bem também. O amor é uma condição da alma e não do ego. Todo medo, toda ansiedade, toda expectativa tem origem no ego, sede da contra inteligência.

Portanto devemos ser como o lírio entre os espinhos. Faz parte da vida correr riscos, ser ameaçado, acreditar que algo poder ser retirado de nós... São muitos os espinhos com que nos deparamos no dia-a-dia. No entanto, devemos seguir livres pelo deserto com as mãos limpas eo coração leve, orientados por forças luminosas que estão além de nossos sentidos. Falamos muito, argumentamos o tempo todo... É preciso mergulhar no silêncio e, vez ou outra, parar para ouvir também. D-us falo conosco constantemente através das mais diversas formas. Quantos O ouvem?

Amar é retirar o ego de uma relação - de qualquer relação. Na verdade, relacionamento e amor também não combinam muito, pois quando se fala em relacionamento se fala de um compromisso a dois, onde temos dois egos repletos de expectativas e formas, despertando uma disputa, uma competição, quer percebamos isso ou não. Um dos dois terá que perder e abrir mão de sua forma de amar. Se um não cede ao outro, surge imediatamente a possibilidade de separação.

Relacionamento é o substantivo; relacionar-se é o verbo. O amor não pode ser o sustantivo, mas verbo eternamente. Não se expressar amor através da palavra amor, mas através da palavra amar; não é a dança, mas o dançar; não é existir, é viver...


(A palavra Deus, esta escrita D-us por motivos particulares do autor q me enviou a msg.)